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Ampliação dos BRICS

Os BRICS, um dos blocos mais importantes dos dias atuais de cooperação e desenvolvimento econômico, composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, anunciou, no dia 24 de agosto de 2023, a entrada de mais 6 membros no grupo - Argentina, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã. O anuncio ocorreu durante a décima quinta cúpula dos BRICS, em Johanesburgo, e foi feito pelo presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa. A novidade causou grande comoção internacional, visto que, agora, o grupo se fortaleceu ainda mais e representa 46% dos países no mundo e em torno de 36% do PIB global.


A sigla BRIC foi criada pelo economista Jim O'Nill, no ano de 2001, para designar os quatro países com maior potencial de desenvolvimento e crescimento econômico nos próximos 50 anos. Após profunda análise das particularidades de cada país, chegou-se a conclusão que o Brasil, Rússia, Índia e China obtinham o maior potencial de ocupar os postos de maiores economias do mundo nos anos seguintes, além disso, na época o bloco já representava uma parte notável da população mundial. Desde então, o acrônimo BRIC ganhou grande popularidade e passou a ser utilizado pela mídia, grandes diplomatas e economistas, que chegaram a projetar um crescimento BRIC superior ao grupo G6, formado pelos Estados Unidos, Alemanha, Japão, Reino Unido, França e Itália. Mas foi somente no ano de 2006, durante a 61ª Assembleia das Nações Unidas, que o acrônimo BRIC passou a ser oficialmente utilizado para agrupar a política externa desses países e planos de cooperação e desenvolvimento para uma articulação política em conjunto.


A primeira reunião do grupo, ainda formado por somente quatro países, ocorreu no dia 16 de junho de 2009, em Ecaterimburgo, na Rússia. A reunião abordou uma análise do cenário econômico mundial da época e também permitiu ao grupo dar os primeiros passos para organizar a forma a qual os países poderiam começar a atuar de forma colaborativa. Já a segunda reunião foi realizada em Brasília, no Brasil, e tinha como objetivo discutir as agendas internacionais e solidificar medidas a serem adotas para avançar no desenvolvimento e cooperação dos países. A terceira reunião do grupo aconteceu em 14 de abril de 2011, e se tornou uma das mais importantes, pois ficou marcada pela inclusão da África do Sul ao bloco, tendo a inclusão do "S" ao acrônimo, de South Africa, passando a se chamar BRICS. A inclusão da África do Sul foi estratégica ao bloco, vista a grandiosidade econômica que o país representa no continente africano. A adesão também fez com que o bloco possuísse representatividade na maioria dos continentes, aumentando o seu peso internacional e o poder de barganha nas negociações em grupo.


Desde 2009 e até os dias atuais, ocorreram anualmente cúpulas dos BRICS, que alternam entre os países membros e apresentam pautas diversificadas que definem uma agenda de compromissos para o ano seguinte. Na cúpula de 2012, começaram a ser definidas as diretrizes do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) e do Arranjo Contingente de Reservas (ACR) dos BRICS e, em 2014, foi formalmente estabelecido com a assinatura do Convênio Constitutivo, na cúpula de Fortaleza, Brasil. O estabelecimento do NBD foi um capítulo importante no cenário internacional, pois este se tornou o primeiro banco de desenvolvimento de alcance global, conferindo um poder decisório aos países em desenvolvimento que não era visto nas organizações multilaterais existentes, gerando, portanto, maiores oportunidades de financiamento e desenvolvimento de projetos.


Ao longo dos últimos anos, os BRICS conquistaram um grande destaque no mundo em prol do multilateralismo, levando o grupo a ocupar uma posição ativa e relevante na luta pela diminuição da assimetria política e econômica nos principais foros mundiais. A última cúpula, que ocorreu em agosto de 2023, em Johanesburgo, na África do Sul, está sendo marcada como uma das mais importantes desde a criação do bloco, pois foi confirmada a adesão de mais seis países como membros plenos - Argentina, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã, que provavelmente já irão participar da próxima cúpula, na Rússia. A ampliação do bloco, que vinha sido discutida há anos, foi impulsionada em grande parte pela disputa geopolítica recente entre as maiores economias do mundo, China e Estados Unidos, e, também, pelo grande interesse da Rússia em manter uma plataforma de negociação internacional, tendo em vista o isolamento do país gerado pela guerra da Ucrânia.


A reconfiguração do bloco também ocasiona uma maior diversificação e presença nos continentes, mostrando ao mundo o peso de um bloco que agora irá representar quase metade da população global e aproximadamente 36% do PIB, contando também com o Irã, que é dono da maior reserva de gás natural do planeta e da Arábia Saudita, maior exportador de óleo cru do mundo. Espera-se que, nos próximos anos, a nova organização dos BRICS gere um maior fluxo de cooperação e um ambiente mais favorável para investimentos diversificados entre os países. Neste ano, em torno de 40 países demonstraram interesse em aderir ao bloco, enquanto 22 se reportaram formalmente solicitando a adesão. A entrada de novos países e o interesse latente de adesão de outros, só demonstra a potência geopolítica que o BRICS conquistou no cenário internacional, permitindo projetar um cenário cada vez mais favorável e simétrico para a atuação do bloco a nível global.






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